sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

- por Georges Segundo

De repente
Aceito que não sou tão bom
Nem tão consciente
Sinto raiva de mim
E muito mais ainda de muita gente
Mundo doente
Onde quem acha que ta certo
É sempre quem mais mente

Também acho engraçado
Quando um irmão se fode
Mas acho muito mais graça ainda
E quem é forte
Que se levanta e se sacode
Da a volte a por cima e de rebote!

Porra!
Também a tentei parar de falar palavrão
Mas nessa caminhada tem tanto cuzão
Que na moral
Sinto muito pelo irmão
Mas tenho que dizer:
Você é um grande vacilão!

Quem sou eu para julgar os outros?
Dizer que sou nada
Ainda é pouco
Mas dizer que não julgo
É mais que ser hipócrita
É me rebaixar a ser porco
Que se alimenta da lavagem
De uma inferioridade negada
Quando muito mais bonito
É quem assume que sente a vontade
De dar a primeira pedrada

Pecado?
Vixe tem sobrando!
Assumo todos eles
Sorrio e saio andando
A cada erro cometido
Me perdoo e saio perdoando

Amém.

Rex Georges Luiz Segundo

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Plutão

Destruo aqui a tentativa da perfeição:

eu julgo
eu acho chato
não tenho saco
acho um lixo
acho besta
acho uma bosta
sou vaidoso
ego grande
me acho superior
me acho especial
me sinto evoluído
me sinto iluminado

Rastejo nas minhas sombras

cometo meus pecados
não choro porque sou frio
eu rio pra não ficar chato
gosto da Britney
meu coração sofre
mas é duro
Eu identifico o que as pessoas precisam melhorar
eu analiso
nunca ta bom o suficiente
tenho gula
tenho preguiça
não tomo Mapple
sou metido a astrólogo
mas sei lá qual é a da casa 5

Sou egocêntrico

me irrito com a minha mãe
acho minha irmã fútil
dou pinta de feliz só pra não bancar o chato
tenho tesão em homem másculo
Sou carente, quero atenção
quero que me achem incrível
tenho tendências depressivas
acho que sou um nada
acho que posso tudo
e que quem trabalha de segunda a sexta é burro

sou uma criança chata
um adolescente rebelde
e um adulto imaturo

Sou também um soco na parede
e um grito no banheiro
Foda-se...

sábado, 25 de janeiro de 2014

A volta do poema de amor

Fiquei dias sentado
lendo poesia ao acaso
Enfatizando as nuvens de papagaios
que não saíram do céu.

Último encontro esse meu
com o nada que espero
Tenho medo... mas tenho coragem!
e
ai
de quem meter o dedo
pra isso não dou mais passagem!

A vida é minha
e dela não largo
nem com o amor do lado!

Canta, canta passarinho
eu espero você cantar
pra me inspirar nesse sonido
e me embebedar
de palavras
todas elas pra te dar
e,
quando acabarem abstratas
só restará eu
com tudo de torto
tudo de errante
e um pouquinho de sufoco

Faço promessa de melhoria
mas só dou garantia
se nada me cobrar
(e do meu lado não sair)

mesmo estando longe
(e aaai como eu queria perto!)
eu juro que sou devoto
do altar da nossa igreja

Não era pra ser de amor
era pra ser Bandeira
mas tremulei tanto
que esses ventos,
mais uma vez,
me levaram pra você!

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Pedaços

Descobri que
em outra vida
eu fui militar

Aceitei essa informação como quem ganha um pote de sorvete
aceitei
minha condição dura e cartesiana
pronta para o combate

Desses enérgicos burocratas

duros. Inflexíveis

de prestigio e competência
e sangue nos olhos

Ódio. Crueldade

Devo dizer que
até gostei
Contraria a minha natureza naturalista
de flores
e sol
e música
é o lado sombrio que estranho o contato

Coração duro
olhar cinzento
que
ordena

é todo o lado que combato
mas que um dia deve ter se combatido
e sabe quantos combatidos...

Peguei pra mim essa sombra
acho que a solução é trabalhá-la
Pois,

sendo parte de minh’alma

é minha

e a acato
catando meus pedaços
na busca por uma inteireza que me faça

sentido!

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Não-ode a Eletropaulo

Fios de cobre cardinais
cantam face as vívidas
vozes que timbram deveras
dentro
Corredor suspenso
Endividado
Corta o Brasil todo
Corta o mundo
Flutuando ou enterrado
Liga os pontos
os postes
os poros
e as pessoas
Acende e apaga
Imóvel perigo
Cortada a conexão
interrompida a vida
Cortada a vida
o fio de cobre ilumina também a morte
E segue explorando outras redes
de explorados pagantes
Endividados
por causa de fios de cobre
cardinais
que cantam as faces não vividas,
afora o objetivo de manter o fio 
esticado
afinado
viciando postes
paredes
pilastras
e pessoas.