quinta-feira, 14 de março de 2013

Tempo do Amor

Que é que está acontecendo com o mundo? Avança como um navio que perdeu sua identidade e se julga jato, quebra as barreiras do tempo mínimo de entendimento, acontece acontecendo, atribula a tripulação, tira sua recorrência e enlouquece o que antes era são.

Nunca vi tantas paredes caindo, tantos laços se desunindo, tanto sentir comprimido, se não fosse o ar voluntário eu já estaria sufocado. A razão nunca me foi tão útil em tempos de sábia adrenalina. Aprendo e incorporo em menos de uma semana, conheço e desapego em vinte e quatro horas, saio dos profundos vales da depressão até as mais altas escadarias da alegria em menos de vinte minutos e corro tanto durante a vida que escrevo este texto como quem disputa uma maratona.

O relógio nos engana com suas casas "imóveis" e o calor interno e externo nos põe à prova quanto a sobreviver nesse planeta em transição... Tudo passa tão depressa que nem da tempo de gritar para que ao menos se despeça...

Só uma coisa não avança com o universo: meu apego ao que veio e vibrou meu coração. Era bom se fosse frio com sua casa e levasse de vez essa sensação que vagarosamente, mas muito vagarosamente, corrói as bordas como umidade em parede velha, bem nos cantos, quase imperceptivelmente, fazendo aquilo que o amor faz: marca os corpos como ferro em brasa marca os porcos.
Quando esfriar, uma cicatriz ficará e o tempo... sem se importar se você entra ou não em seu vagão.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Iniciação


Quando me submeti a olhar para o céu, ele me arrebatou e quase hipnotizou de tanta consciência. Eu era só contemplação. Vi as nuvens que faziam ondas, abrindo espaço para o brilho mágico da lua; vi as estrelas piscando solitárias em sua comunidade, como se estivessem num concílio, milimetricamente organizadas; os morcegos dançaram por minha aura, sobressaltando meu corpo físico, mas encantando o superior... Quantos mistérios... Dá pra olhar pra abóbada celeste e não ficar embasbacado?

Óh Grande Espírito, gratidão por essa oportunidade terrena.

Era como se eu sentisse saudade do meu lugar que é o Todo, como um lobo que uiva pra lua como se ela fosse a sua morada de outrora. Toda a minha mente reverenciava a Mãe Terra, Ela, com suas árvores, seu céu, seus bichos, toda acolhedora, nos dando a noite e o brilho da lua para nos lembrar de quem somos e de onde viemos.
Eu queria silenciar minha mente, mas ela estava repleta de cânticos devocionais, então, me concentrei em um deles, e, me guiando através da alegria, do amor, das estrelas e dos vagalumes, dance a dança mágica, fazendo conexão direta com o infinito, sob uma permissão dada que fazia do meu corpo canal de luz, irradiando a força da harmonia. O hino mágico ecoava mentalmente, sem julgamentos, apenas atento para que ninguém encarnado percebesse a magia secreta. A partir daquele dia, deixei de contemplar a luz e passei a agir a serviço dela.