sexta-feira, 26 de julho de 2013

Reflexões à beira do rio

Sentei-me à beira do rio.
Seria para me despedir dele
mas não
Não seria capaz de me despedir de
águas que não param para
olhar pra trás...
Queria mesmo era ser genial
mas a fluidez leva todo pensamento
e tráz mais
e leva
e tráz
de modo que ante o rio sou inconstante
uma pequena criatura
que observa a magnitude de uma criação
que é genial simplesmente por ser.

Emotivo rio que contém toda a lágrima do mundo
desaguará sabe-se lá onde
segue um rumo firme
num propósito
e que
sem querer
encanta a quem o assiste
Ou será querendo?
Fruto de uma brincadeira divina
que põe suas magnitudes a alcançar dois objetivos?
Um deles lhes é revelado
fluir
fluir 
fluir
fluir apaixonadamente para onde se deve ir
sem dúvida ou parada
obedientes criações...
A outra fica oculta
e assim deve permanecer
Não nos ouvem
apesar de nos escutarem
e existem encantando o tempo
em comum acordo com o todo
Como seria se as criações divinas se
envaidecessem
de sua existência?

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Nada

O Nada é um lugar a ser conquistado
Muito auto estudo
Disciplina
Foco
Concentração
Há muito se almeja
tudo
Ser
ter
Fazer
Querer
tudo
e sempre tudo
e sempre mais
mas
é no 
Nada
que mora a paz
é no
nada
que se está!
mas quem não tem
nada
não necessariamente
tem o 
Nada
Quem não tem
nada
precisa de um pouco
para ter alguma coisa
e quando tiver o suficiente
ou mais
pode ter o 
Nada
Mas para alcançar o
Nada
há de largar
tudo
e desapegar do seu
Mundo
Pois quando se tem o
Nada
se tem
Tudo.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Burocracia

Entrou no café às seis e cinco para comer um sanduíche com café com leite.
Café com leite,
sanduíche
Pediu
Chegou
Comeu
Vinte reais.
O que?
Vinte reais.
Parou embasbacado na frente da pessoa do balcão,
que riu.
Foi só um sanduíche com café com leite
Sanduíche
café com leite
E o serviço!
E o serviço?!
E o serviço.
Indignou-se. Nem fora, assim, tão bem atendido.
Posso ver a... 
Ta aqui!
Pegou
Virou
Viu
Arregalou
Tinha ainda sete dias na cidade 
e duzentos na carteira
Apalpou a carteira
Pegou a carteira
Abriu a carteira
Tirou cem da carteira
Não tenho troco.
Ele parou ainda mais
encarou a pessoa
Devolveu cem na carteira
Guardou a carteira
Saiu pela porta e foi
atrás de um café com leite e sanduíche
Sanduíche
café com leite
menos difíceis.

Lição

Golpe no ego
certeiro
na fonte
no centro
uma bomba de palavras
atitudes
que explodem no meio
e corrói as extremidades
Extremo.
Máximo.
de uma vez só
Calculado.
Matemático.
Eu pedi, sei
e me lancei
Mas quando veio
Veio!
E eu nem lembrara que pedira
Graças a Deus 
eu me lembrei
pois
a vida se faz mais
quando se descobre
que os tropeços que tropeça
são pedras colocadas por si mesmo
para aprender a caminhar.

domingo, 21 de julho de 2013

Caminho de Todos Nós

É simples
Não fácil
a tarefa do iniciado
emanar amor ante a violência
para os outros
para si
elevar a
consciência
ante a baixa
frequência
evitar baixos pensamentos
(quando tanto veneno corrói o coração)
A grade tarefa:
ACEITAçãO
dos outros
de si
ter mais certeza do que
é
do que
faz
do como
age
certeza do que é o trabalho
Queimar
com amabilidade
as pontes que atravessa
ante tanta
densidade
tanta força material
que num gole te engole
num minuto
num segundo
em milésimos.
Contudo...
quem está iniciado
está capacitado
para a tarefa
no meio da treva

que 
confiar
que

um motivo maior
para toda a labuta
toda guerra sem luta
Algo que
trans
acende
todo o medo
toda a dúvida
toda a insegurança
Pois,
te ensina também a sombra,
toda ferida é aprendizado!
Há que se lembrar sempre
neste caminho em que me
pus
que agora somos corpo
mas na Verdade somos
Luz!

sábado, 20 de julho de 2013

Sal

Sai sal de todo eu
Sai sal
desde o sul até o norte
Sai sal
pelos poros
pelas extremidades
Sal sal
sai todo o sal de mim
todo o agridoce
que é existir
Sai sal pelas saídas
do corpo
sai sal
Escorre pela pedra de sal
Escorre pela montanha de sal
Até se desmanchar
e tudo se transformar
em um sal só
que sou
Sal doce
Sal salgado
Sal que sai
Saiu.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Vida

És toda a beleza do rio que corre como o
sangue
nas veias
És toda a formosura de uma
lua 
branca que no céu surge sob os raios do
sol
És o calor das montanhas nevadas
dos caminhos de pedras de 
luz
És a ínfima brisa das asas da borboleta
O dançar das flores sob o vento
A disposição das pedras que voam do vulcão pós erupção
És a inativa ativa
lava
És o sopro das gigantas guards
És toda a música universal
A sinfonia de todos os corpos
O regente da orquestra dos seres
Lapidador dos globos
Arquiteto dos planetas e dos sistemas solares
lunáticos e lunares
És o mago do conhecido e do desconhecido
Dramaturgo da pintura real
Cuidador das dimensões,
das alturas,
das profundezas,
És o centro de tudo
És a vida
do mundo
És a vida
És.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Intercessão


A energia de cura
Que circula nos Andes
precisa há tem
de ser
conhecida encontrada processada
por quem tem ganas
de voar
Nao haveria melhor lugar
para a
Ayahuasca
aflorar
para
elevar
nossa consciência
e nos dar
paz
ciência
e nos dar
disciplina
e melhor existência
Diante do lago
sagrado
canto hinos
iluminados
xamânicos
de paz.
Quantos aprendizados!
Chegou a ordem,
na ordem da Terra,
de limpar a casa.

Aquilo que arrebenta os poros
e sai
dolorosamente,
extraído pela
força
das montanhas guardiãs,
me trás o trabalho
menos imenso
mas
tão intenso
que é o de
a
cei
tar.

domingo, 7 de julho de 2013

O amor é um elixir hiper doce que o ser humano vomita porque não cabe

Não culpo os homens de tentarem
ma
te
ri
a
li
zar
não o amor
mas o que ele causa
não a paixão
mas como ela queima
de que modo age sobre o sistema imunológico
o modo como acontece repentinamente
 como a cabeça fica cheia de coração
e o coração cheio de cabeça
E
carrega-se a pessoa para todos os lugares
como uma entidade
e se sente
ese pensa
e se fecha os olhos
sonha
E depois
só depois de experimentar
o elixir hiper doce
compreende-se porque tomam por nobre
E porquê se levantam altares em todo o mundo em seu nome
E porquê morre-se
e mata-se
e vive-se
por ele.
Por isso a humanidade gira tanto com o planeta
e para
sempre
e no mesmo ponto
e porquê nunca resolvemos o
amor
e porquê nunca entendemos o
amor
e porquê ele é tão
superior
e por isso vomita-se o elixir
de muitas formas
porque ele não cabe
e se não fosse a nossa arte
O que seria?

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Prisão

Eu adorava ver como você olhava o céu,
seus olhos castanhos espelhavam a alma das nuvens
maravilhados e molhados de emoção
Todas as linhas de seu rosto convergiam para o infinito
onde o Nada é Tudo
onde a grandeza se revela no olhar de quem contempla
O nariz era um beija flor embevecido
A boca era uma pétala abismada
A testa era todo o vento sem prisão
O queixo, um anunciador da natureza

E eu, te olhando...

Sabia que
também
podia me desviar e contemplar aquilo tudo
Mas
você me interessava mais
E eu já nem me questionava
Se devia ou não me embebedar de infinito
ou fazer disso que vias
a desculpa pra te ver e você nem me reparar