Sempre tive impulsos autodestrutivos
Como todo mundo, já quis me matar inúmeras vezes
Mas nunca tive coragem
Já fiz de outras formas
bebendo, fumando, me afogando em drogas sintéticas
Já joguei a toalha inúmeras vezes
Sou muito fraco
Eu jogo a toalha na primeira oportunidade
Não luto até não ter mais forças
Facilmente eu desisto
Mas sigo tão continuamente porque...
O que mais se pode fazer, não é mesmo?
A perspectiva de um futuro me mantém caminhando
A essência aquariana drônica, futurista sagitariana e a meta
capricorniana me impelem
Hoje nunca está bom.
Peço aos pretos e pretas velhas que me ensinem a paciência e
a sabedoria
Porque eu não tenho.
Eu quero tudo pra ontem
Eu quero tudo eu.
Eu sou invejoso
Eu não me basto
Eu quero agora.
Como uma criança mimada
Ícaro das asas chamuscadas
Vou a alturas que ninguém alcança
E infernos que poucos suportam
(como todo mundo)
E busco um sentido
um
mísero
sentido
Porque se não tem porquê
Não tem por quê...
E se não tem por quê
Adeus.
Por isso sou artista, astrólogo e oraculista
Para falar do amanhã
E localizar o hoje no vasto todo sem sentido
É que os sentidos são como ondas
E eu estou em um barquinho
Acompanhado do meu amor, da minha família, dos meus amigos e
dos meus gatos
E eles sabem mais do que eu
Eles sabem amar a vida e o mundo e as pessoas
Eu só rezo para aprender
Hoje estou mais equilibrado
Que a vida enverga qualquer dureza
Logo as tempestades iansãsticas me arrebatam
E eu sou impelido para uma luta contra a própria existência
Um dia eu aprendo ir a favor
Um dia eu aprendo com saturno
Um dia eu aprendo com o enforcado
E se um dia eu estiver para morrer
Darei um sorriso de satisfação
E abraçarei o fim da vida como uma amante há muito esperada
Há muito cantada
Mas a tempo de respeitar o tempo de sua chegada
Sem querer correr e comer um prato que ainda está em feitura
A vida é a construção da morte
Todas as filosofias espirituais hoje me aprisionam
Hoje eu só consigo ser eu
Com todas as contradições, porque não é nem um pouco possível
Não ser.
E querer ser é muito sofrido.