quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Vênus

Exprimindo-me em versos
exprimo a dor inebriante da existência
que só pode ser sublimada
com a consciência
de que
só pode ser sublimada
A dor poetizada não deixa de ser dor

talvez
nem chegue a ser poesia
Sublimada fosse se se transformasse nas cinzas errantes de uma labareda
transmutadora
que cai
e virasse 
.então.
pássaro
voar-se-ia
para além da matéria que aperta
para além dos astros e das esferas
para além das sombras dessa caverna
.então.
eu ia
narrar a dor como poesia
e compreender sua estadia
posto que meu peito geme
sabe-se lá de que
arde em algum canto
uma fornalha incandescente
que incinera
incinera o que já não tem mais razão de existir como é
vira pássaro
.então.
e voa.


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