quinta-feira, 14 de abril de 2016

SOFREGUIDÃO SILENCIOSA

Indiscreta solidão secreta
que finge em sair
quando dentro é de verdade

Não é solidão amargurada
triste
desmiolada

É solidão de vontade
de necessidade
de farto

Do mundo
do fundo
das profundidades

e, mais, das futilidades

Hora de morrer
pra fora
pra fora reverberar

o dentro

Solidão secreta e indiscreta
vira trago de droga
de álcool

Vaza em berros internos
e socos no próprio estômago
pronto

Destroi a si
para não desintegrar o outro
e perder as perdas

Sofreguidão silenciosa
parte esse mundo em cacos
só pra juntar os pedaços
e se modificar

Entra na caverna
mira as palavras
encontra os sentidos

e sai

a indiscreta solidão secreta
leva
e me convida a navegar

São águas de mares nossos
que vazam pelos olhos
quando a fervura ainda não abaixou

E deixam salgadas as palavras
Saídas de uma boca sem voz
por si mesma

Aguada solidão
deixa ser deixa estar
que a terra vai germinar
tanta água que deixou

Vai levar e lavar
é o que a fé nos deixa
é o lugar a se apoiar


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