domingo, 5 de novembro de 2017

queria

Eu queria ser um poeta
que levasse às multidões
vastas compreensões
múltiplas visões
rios de inspirações

Queria que minhas obras
atravessassem séculos
girassem peças, filmes, camisetas
livros escritos por terceiros
raios pra cinco gerações

Queria que eu fosse fantástico
e o povo fosse fanático
e minhas fotos virassem quadros
meus escritos leiloados
meu levar a vida admirado

É o querer que me anseia
e eu me vejo pequeno e fraco
bastante impotente
desimportante indecente
de tempo insuficiente
e uma pequenez cruel

E essa dor me rasga
A ansiedade me engasga
E eu acordo às três pra beber água
assim
Como se o próximo passo fosse o fim

Na verdade
O aprendizado que se instala aqui
que é o modo de lidar que descobri
é que o que corta a casa e transgride a ordem
é saber aceitar enfim
o poeta que habita dentro de mim

Escrever é mais que tocar o outro
Escrever é se tocar.

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