Crescer
Verbo intransitivo transitivo
Condição sempre em mutação
Dependente da gente
que o compreende
Universo em transição
Correspondente da ação
Palavra de evolução
Simples
Dissílaba
Intrínseca
Crescer
Morrer pra renascer
Se elevar
abandonar
Desapegar
Cresceu
é
Viver
é
Fazer
é
Ser
segunda-feira, 30 de julho de 2012
sábado, 28 de julho de 2012
Busca
Correu, correu, correu
Sem olhar pra trás
Correu sem menos nem mais
Simplesmente correu
A sola deitava no chão
A coluna se eriçava em pulsação
O coração batia de dó em dó
O corpo se jogava sem pena, sem dó
Sem ré, saltou a fortaleza e voou
Passou por nuvens enchuvaradas
Estrelas ensimesmadas
Ventos dispersos e embaraçados
Num raio de tempo
Já estava embalado pela batia que existia
Chegou às chaves que buscava
E, com amor, se elevou
Que sol fazia no elevado sombreado!
Moradia das fadas e dos astros
A visão via vultos de cima
Tudo lá longe, só de relance
O céu apalpava-lhe o peito
Encharcando-o de emoções
Tudo durou o tempo suficiente
Que o permitiria viver no presente
Depois se desferiu em espiral
Pois se continuasse não voltaria
E se não voltasse não existiria
Aqui era o seu lugar
Lá era apenas pra voar
Pra descobrir
E desvendar
E amar
Arfante, voltou da porta misteriosa
E, com a chave, se deitou
Fechou os olhos,
Cortinas sempre abertas
A pensar queimava
Quando voaria de novo
E, nostálgico, sonhava
Com precipício e duas asas
Ninguém acreditaria se contasse
Temia até que o fosse feito
Pois o novo, que era o voo
Dependia do segredo.
Sem olhar pra trás
Correu sem menos nem mais
Simplesmente correu
A sola deitava no chão
A coluna se eriçava em pulsação
O coração batia de dó em dó
O corpo se jogava sem pena, sem dó
Sem ré, saltou a fortaleza e voou
Passou por nuvens enchuvaradas
Estrelas ensimesmadas
Ventos dispersos e embaraçados
Num raio de tempo
Já estava embalado pela batia que existia
Chegou às chaves que buscava
E, com amor, se elevou
Que sol fazia no elevado sombreado!
Moradia das fadas e dos astros
A visão via vultos de cima
Tudo lá longe, só de relance
O céu apalpava-lhe o peito
Encharcando-o de emoções
Tudo durou o tempo suficiente
Que o permitiria viver no presente
Depois se desferiu em espiral
Pois se continuasse não voltaria
E se não voltasse não existiria
Aqui era o seu lugar
Lá era apenas pra voar
Pra descobrir
E desvendar
E amar
Arfante, voltou da porta misteriosa
E, com a chave, se deitou
Fechou os olhos,
Cortinas sempre abertas
A pensar queimava
Quando voaria de novo
E, nostálgico, sonhava
Com precipício e duas asas
Ninguém acreditaria se contasse
Temia até que o fosse feito
Pois o novo, que era o voo
Dependia do segredo.
terça-feira, 17 de julho de 2012
O Cara da Poesia - Livre
Reconheci o cara da poesia
etéreo
tímido
taciturno
sob o entontecido de vaidade
Permanecido escondido sob os ombros do outro eu
entorpecido de vontade
Que romântico meu pranto
meu canto tolo
já questionado
pelo doido pra ser louco
irreal
imaturo
passional
passivo do medo
do julgamento
do tormento
Invisível!
E quão difícil é descobrir-me
se é fácil, minto
é só agir?
Desnudar-se?
Livrar-se?
Contestar-se?
Desmascarar-se?
Sou muito menos eu
e muito mais letras
que retórica
Eu sou!
Eu sou?
Quem eu sou?
O cara da poesia está dentro
de uma sala
de um quadrado a girar
museu de recordar
da infância e das certezas
antigas
ruínas
fantasmas
Para
Observa
Tantas portas abertas
outras tendo que fechar
e o ato de criar?
Fica em meio
ou receio?
E sou eu essas portas
de lógica e imagética
sensação
E não agir é estar em um
aquário
Eu estou dentro de um armário
e nele fecho-me
acuado
libertário
otário
eu
Vaidoso repouso
Acordarei superior.
Acordarei superior?
Superioridade
Maturidade
Ciclicidade
O aquário deságua
O armário se abre
Pois ainda sou escravo das palavras
E qual a lógica de vivenciar?
O segredo,
diz o cara dia poesia
na frente do espelho,
é acreditar!
etéreo
tímido
taciturno
sob o entontecido de vaidade
Permanecido escondido sob os ombros do outro eu
entorpecido de vontade
Que romântico meu pranto
meu canto tolo
já questionado
pelo doido pra ser louco
irreal
imaturo
passional
passivo do medo
do julgamento
do tormento
Invisível!
E quão difícil é descobrir-me
se é fácil, minto
é só agir?
Desnudar-se?
Livrar-se?
Contestar-se?
Desmascarar-se?
Sou muito menos eu
e muito mais letras
que retórica
Eu sou!
Eu sou?
Quem eu sou?
O cara da poesia está dentro
de uma sala
de um quadrado a girar
museu de recordar
da infância e das certezas
antigas
ruínas
fantasmas
Para
Observa
Tantas portas abertas
outras tendo que fechar
e o ato de criar?
Fica em meio
ou receio?
E sou eu essas portas
de lógica e imagética
sensação
E não agir é estar em um
aquário
Eu estou dentro de um armário
e nele fecho-me
acuado
libertário
otário
eu
Vaidoso repouso
Acordarei superior.
Acordarei superior?
Superioridade
Maturidade
Ciclicidade
O aquário deságua
O armário se abre
Pois ainda sou escravo das palavras
E qual a lógica de vivenciar?
O segredo,
diz o cara dia poesia
na frente do espelho,
é acreditar!
terça-feira, 10 de julho de 2012
Nobreza
O operário bebe água.
Tudo ao seu redor se modifica, os carros passam a passar lânguidos, as pessoas que passeiam puxam o tempo, os edifícios se ajoelham por um minuto, vagarosamente, enquanto o céu se abre e o sol sai sob o solstício, laranja como o quepe. Só as folhas e flores e pássaros se movem, despercebidos, os outros (o resto) dançam em sua paralisia, quase vivos, sem raciocínios, vão descendo, vão caindo.
Alguma música popular vai virando ópera, algum orgasmo em cavalgada vai virando vento, conta gota em boca de criança, em torneira de pia, em teto rachado vai e se demora, em muitas horas, quase nada, sem pressa, sem o palpável do real, sem o beta, sem o alfa. E tudo enquanto o operário vai bebendo água, durando pouco, valendo muito.
Tudo para...
Tudo volta.
A garrafa, sem importância, levanta-se, tampa-se e solitária volta pro bloco. O bloco volta pro operário e tudo volta ao natural, sem natureza, como se nunca tivesse parado, como se não tivesse importado.
Tudo ao seu redor se modifica, os carros passam a passar lânguidos, as pessoas que passeiam puxam o tempo, os edifícios se ajoelham por um minuto, vagarosamente, enquanto o céu se abre e o sol sai sob o solstício, laranja como o quepe. Só as folhas e flores e pássaros se movem, despercebidos, os outros (o resto) dançam em sua paralisia, quase vivos, sem raciocínios, vão descendo, vão caindo.
Alguma música popular vai virando ópera, algum orgasmo em cavalgada vai virando vento, conta gota em boca de criança, em torneira de pia, em teto rachado vai e se demora, em muitas horas, quase nada, sem pressa, sem o palpável do real, sem o beta, sem o alfa. E tudo enquanto o operário vai bebendo água, durando pouco, valendo muito.
Tudo para...
Tudo volta.
Nossa
Minha paixão é cachoeira
é muito simples, é muito
grande, é purificado
ra, é transbordan
te, é fluente, infi
nita, é natural
é cristal, ama
relo-laranja,
azul-verde
é colorida
no sol é
arco-í
ris, na
chuva
é inda
mais, n
a ne
ve
é
r
e
s
g
u
a
r
d
a
d
a
,
a
c
o
b
e
r
t
a
d
a
,
e
s
t
á
a
l
i
!
Tão imponente e importante quanto o dia em que chegara
Quente e musicada quanto a noite em que surgira
Minha paixão é cachoeira
Minha paixão é energia
quinta-feira, 5 de julho de 2012
Homens de dentro
Se as pessoas discutissem política com a gana que discutem futebol
seríamos um país evoluído
Se bradassem de indignação
contra a corrupção
como fazem com o juiz
ladrão
não haveria de haver faltas
não seríamos faltosos
para com o jogo da
política
Se soubéssemos o nome
dos senadores e deputados
e ministros e candidatos
assim como sabemos
os de todos os jogadores,
não seríamos
talvez
um país de devedores,
pagadores de salários
de propina
e salafrários
E todas as propostas
planos, pátrias e pagamentos
de quem importa que saibamos?
Se ouvíssemos a voz
correta
agora
ao invés do comentarista de gol de bicicleta
não seríamos homens de fora
por fora
na hora
da história
Se compreendêssemos a tal da língua formal
não só o palavreado de boteco
igual, tudo igual, sempre igual
Seres somados seríamos
Bilíngues utilmente
Sem colegismos ingleses
para bolsos de burgueses
Queria ser moço de política
e morrer.
Não não sabendo
Pois morremos todo dia
com esse tal de impedimento
de Neymar
de Ronaldinho
de Corinthians
de Robinho
de Pelé
de Zagallo
de Roberto
de Romário
e
por fora
nem sabemos
da Maria
da Marta
do Antônio
do Sara
do Paulo
da Cláudia
do José
da Paula
da Sonia
do Lucas
do Rogério
da Fátima
da Ana
do Fabio
do homem
do saco
da vida
da lua
das estrelas
da rua
da greve
da fome
da miséria
da usura
do rico
do pobre
do ouro
do cobre
do fora
do dentro
dos países
do tempo
dos livros
dos filmes
dos saberes
das músicas
das urnas
da história
da geografia
da glória
da ciência
das matas
dos campos
dos mares
do avanço
da palavra
da língua
dos pares
dos quadros
dos mestres
das culturas
dos templos
das cidades
dos homens
dos homens
de dentro.
seríamos um país evoluído
Se bradassem de indignação
contra a corrupção
como fazem com o juiz
ladrão
não haveria de haver faltas
não seríamos faltosos
para com o jogo da
política
Se soubéssemos o nome
dos senadores e deputados
e ministros e candidatos
assim como sabemos
os de todos os jogadores,
não seríamos
talvez
um país de devedores,
pagadores de salários
de propina
e salafrários
E todas as propostas
planos, pátrias e pagamentos
de quem importa que saibamos?
Se ouvíssemos a voz
correta
agora
ao invés do comentarista de gol de bicicleta
não seríamos homens de fora
por fora
na hora
Se compreendêssemos a tal da língua formal
não só o palavreado de boteco
igual, tudo igual, sempre igual
Seres somados seríamos
Bilíngues utilmente
Sem colegismos ingleses
para bolsos de burgueses
Queria ser moço de política
e morrer.
Não não sabendo
Pois morremos todo dia
com esse tal de impedimento
de Neymar
de Ronaldinho
de Corinthians
de Robinho
de Pelé
de Zagallo
de Roberto
de Romário
e
por fora
nem sabemos
da Maria
da Marta
do Antônio
do Sara
do Paulo
da Cláudia
do José
da Paula
da Sonia
do Lucas
do Rogério
da Fátima
da Ana
do Fabio
do homem
do saco
da vida
da lua
das estrelas
da rua
da greve
da fome
da miséria
da usura
do rico
do pobre
do ouro
do cobre
do fora
do dentro
dos países
do tempo
dos livros
dos filmes
dos saberes
das músicas
das urnas
da história
da geografia
da glória
da ciência
das matas
dos campos
dos mares
do avanço
da palavra
da língua
dos pares
dos quadros
dos mestres
das culturas
dos templos
das cidades
dos homens
dos homens
de dentro.
terça-feira, 3 de julho de 2012
Noite I
Ele estava parado havia horas, contemplando o vazio taciturno de sensações do que ainda não chegara. Aquilo que era ele, naquele momento, estava a alguns centímetros de distância, a contemplá-lo.
A pizza mal comida e a cerveja abandonada jaziam sobre a mesa suja, a taça de vinho, usada pro não desuso, ainda estava cheia e a cápsula... a cápsula deitada inofensivamente.
- Sou eu quem faço mal a mim!
Sussurrou.
Passou a ler sobre dependentes e efeitos e isso não melhorou seu doente estado de espírito. Fuga? Talvez não. Era o dramalhão em que transformara sua vida que o instigava a dar mais um tiro nele mesmo.
Levantou-se de repente, a cápsula colhida pela mão como língua de sapo. Olhou pra ela, sentiu o cheiro na tampa e se invadiu de antigas sensações, sabia que encararia o resto do dia na pilha se resolvesse seu misto de medo e desejo.
Olhou pela janela, depois olhou pra cápsula, puxou a água que escorria de sua rinite e caminhou pro banheiro, deixando os raios solares sozinhos na sala. Meio desajeitado, separou uma fileira depois de arrebanhar pequenas quantidades de volta pro tubo. Encarou o caminho branco e por um milésimo de tempo pensou em jogar tudo na privada, onde estava sentado, no entanto, enrolou uma nota velha de um real e aspirou...
Processou um pouco o que acabara de fazer, levantou-se da tampa quebrada do vaso, limpando a calça pontilhada com cheiro de remédio e deu de cara consigo mesmo no espelho. Foi acometido de vertigem ao ver seu nariz com resquícios de pó branco. Limpou o mais rápido que pôde, sem assoar o nariz e correu pra sala, sem fome, sem sede, sem vida.
Aquele não seria seu tiro derradeiro, mas ainda assim continuou sentado, olhando pro nada, sabendo que se esconderia do dia para mais uma longa noite de sensações.
____________________________________________________________________________________________
NOTA: Talvez esse seja o primeiro texto que eu não goste, escrito há pouco mais de um ano em primeira pessoa. Não consegui deixá-lo melhor que isso, no entanto decidi publicá-lo, mesmo sabendo que ele me causa vertigem e desassossego no coração.
A pizza mal comida e a cerveja abandonada jaziam sobre a mesa suja, a taça de vinho, usada pro não desuso, ainda estava cheia e a cápsula... a cápsula deitada inofensivamente.
- Sou eu quem faço mal a mim!
Sussurrou.
Passou a ler sobre dependentes e efeitos e isso não melhorou seu doente estado de espírito. Fuga? Talvez não. Era o dramalhão em que transformara sua vida que o instigava a dar mais um tiro nele mesmo.
Levantou-se de repente, a cápsula colhida pela mão como língua de sapo. Olhou pra ela, sentiu o cheiro na tampa e se invadiu de antigas sensações, sabia que encararia o resto do dia na pilha se resolvesse seu misto de medo e desejo.
Olhou pela janela, depois olhou pra cápsula, puxou a água que escorria de sua rinite e caminhou pro banheiro, deixando os raios solares sozinhos na sala. Meio desajeitado, separou uma fileira depois de arrebanhar pequenas quantidades de volta pro tubo. Encarou o caminho branco e por um milésimo de tempo pensou em jogar tudo na privada, onde estava sentado, no entanto, enrolou uma nota velha de um real e aspirou...
Processou um pouco o que acabara de fazer, levantou-se da tampa quebrada do vaso, limpando a calça pontilhada com cheiro de remédio e deu de cara consigo mesmo no espelho. Foi acometido de vertigem ao ver seu nariz com resquícios de pó branco. Limpou o mais rápido que pôde, sem assoar o nariz e correu pra sala, sem fome, sem sede, sem vida.
Aquele não seria seu tiro derradeiro, mas ainda assim continuou sentado, olhando pro nada, sabendo que se esconderia do dia para mais uma longa noite de sensações.
____________________________________________________________________________________________
NOTA: Talvez esse seja o primeiro texto que eu não goste, escrito há pouco mais de um ano em primeira pessoa. Não consegui deixá-lo melhor que isso, no entanto decidi publicá-lo, mesmo sabendo que ele me causa vertigem e desassossego no coração.
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