Tudo ao seu redor se modifica, os carros passam a passar lânguidos, as pessoas que passeiam puxam o tempo, os edifícios se ajoelham por um minuto, vagarosamente, enquanto o céu se abre e o sol sai sob o solstício, laranja como o quepe. Só as folhas e flores e pássaros se movem, despercebidos, os outros (o resto) dançam em sua paralisia, quase vivos, sem raciocínios, vão descendo, vão caindo.
Alguma música popular vai virando ópera, algum orgasmo em cavalgada vai virando vento, conta gota em boca de criança, em torneira de pia, em teto rachado vai e se demora, em muitas horas, quase nada, sem pressa, sem o palpável do real, sem o beta, sem o alfa. E tudo enquanto o operário vai bebendo água, durando pouco, valendo muito.
Tudo para...
Tudo volta.
A vida deles não é fácil não, trabalhar no tempo é a coisa mais cansativa do mundo.
ResponderExcluirSempre quando leio textos sobre operários me lembro da música do Chico, "Construção".
ResponderExcluir". E tudo enquanto o operário vai bebendo água, durando pouco, valendo muito.
Tudo para..."
Sinto como se o operário fosse um poeta, como se ele fosse um mártir nesses poucos segundos em que tudo para, e em que tudo volta. Sei lá, é isso que acho.
Enfim, vim te informar que o sistema de parcerias de meu blog mudou. Saiba como aqui http://daquioitentaanos.blogspot.com.br/p/parcerias.html
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Abraços Nuti, até mais