quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Transformação

Está tudo trancado, atravessado de tudo, trincado, travado, intrinsecamente parado, esteticamente entulhado de tinta. Tudo é branco. Tudo é límpido, mas treme por dentro, treme sem tremer. Não há estrondo, só há tensão, intensificada pelo tamanho do tédio. Então, tenebrosamente, bate a brisa que entra testando as traças da parede e arrebentando os vitrôs, volitando as cortinas, entristecendo o calor. Tudo então estoura, sem nem poder tentar continuar a ter a si. O vento faz voar os estilhaços, sem censura alguma, sem rumos, sem saco, suavemente, a casa sai caindo, e não sobra som nem seixo. Tudo o que era, se desfez e virou nada. Nada a ver. Nada está. Nem tranca, nem nada. Só o todo.

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