quarta-feira, 26 de março de 2014

Issismo

O amor entrou pelo quarto e ele o matou a facadas. Em seguida assou a carne e comeu. Só depois se lembrou que era vegetariano. Maldito relacionamento. Levou o amor. Levou a alegria. Levou até o vegetarianismo
Assassino de vegetarianismos!
Quanto tempo levaria pra ele comer carne de novo? Pra ele comer carne. Pra ele comer...?
Indiferente, pôs música de balada e ouviu com cara de tédio na frente do computador. Sem sofrimento, sem dor, sem amor. Vez ou outra ele cuspia palitos de dente em um dos balões coloridos que pairavam acima de sua cabeça. Eles estouravam, mas isso não trazia alegria.
Culpa? Medo? Nada... balão balão balão...
A cor escorria das paredes e ele permanecia ali, com o queixo apoiado no cotovelo diante da tela do computador, era a única coisa que tinha luz. Balão balão balão... último balão...
Evaporou
A carne se contorcia em seu estômago, mas ele não vislumbrava momento em que pudesse vomitá-la.
Ou vomitar-se.
Ele mesmo causou-se mais enjoo que a carne mal comida.
A luz acabou
A carne não voltou
Não voltaria

Até a própria carne processar a outra, ele seria uma ameba com cérebro, tatuado na rotina de não fazer absolutamente nada até que desistisse de não fazer absolutamente nada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário