nas periferias
no bruto barro da incerteza
nos becos sem saída
nas maiores furadas
Vou ritualizar no meio da rua
no meio do carnaval
às cinco da manhã
de ressaca
Cantar glória a meia noite
sóbrio de amor
e só me ajoelhar
pra dobrar a barra da calça
e me jogar sem tropeçar
na festa profana do aterramento de qualquer
luz
Sem Aff Maria
sem Pai Nosso
sem sinal da cruz
sem disciplina
sem nobreza
qualquer
vou encontrar Deus
na primeira esquina
e me embebedar Dele e com Ele
como o sangue de Cristo
que foi derramado
como aquele leite do lamento
que foi desperdiçado
como cerveja
chorado
como um boteco
Vou acender vela
pra queimar essa petulância castradora chamada Livro Sagrado
e a única coisa que ela vai iluminar
será o pires em que se apoiará
Pois
quem muito procura Deus não o encontra
Quem muito procura Deus não se encontra
Para ver a luz é só apertar o interruptor
e aquilo que está Alá não está aqui.
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