Linda borboleta amarela que esvoaça os ventos arrastada a navegar, e de lá pra cá leva esperança a quem sabe significar.
Trafega ignorada, ostentando a força que fizera, e é vida que atravessa uma rua, como se não existisse, notada somente por lunáticos sensíveis que são comida de gente que perpetua a escrotidão do mundo que avança (?).
Linda borboleta amarela que passa agradecida pela terra que a sustentou, e depois a gerou, e então a voou com olhos que alcançam a brutalidade infantil que abate pássaros com pedras. Desvia instintivamente para onde o rio corre sujo e moribundo, fétido como os ideais de uma manifestação equivocada que a ensurdeceria de cretinice caso tivesse ouvidos para ouvir o que o mundo que se intitula real brada. Feliz dos tímpanos que não tem. Avança.
Linda borboleta amarela que nasceu no mundo bizarro, deveria servir para causar poesia nos olhares, amansar a carne da muita ansiedade que usa corpos humanos para se manifestar, deveria esta linda borboleta amarela ser o subterfúgio da concretude e a cura da loucura humana, deveria servir para colorir a cidade doente e devolver beleza ao planeta, mas, no momento, serve pra ser apanhada num esmagar de dedos inconsequentes, presos a um corpo que só anda em bando e abate qualquer coisa que insiste em ser fundamentalmente e em todos níveis melhor que ele.
Linda borboleta amarela, agora é um pedaço de coisa amassada no chão da cidade,
como um papel de bala abandonado,
como um vazio não superado.
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