quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

subterfúgio

Linda borboleta amarela que esvoaça os ventos arrastada a navegar, e de lá pra cá leva esperança a quem sabe significar.
   Trafega ignorada, ostentando a força que fizera, e é vida que atravessa uma rua, como se não existisse, notada somente por lunáticos sensíveis que são comida de gente que perpetua a escrotidão do mundo que avança (?).
   Linda borboleta amarela que passa agradecida pela terra que a sustentou, e depois a gerou, e então a voou com olhos que alcançam a brutalidade infantil que abate pássaros com pedras. Desvia instintivamente para onde o rio corre sujo e moribundo, fétido como os ideais de uma manifestação equivocada que a ensurdeceria de cretinice caso tivesse ouvidos para ouvir o que o mundo que se intitula real brada. Feliz dos tímpanos que não tem. Avança.
   Linda borboleta amarela que nasceu no mundo bizarro, deveria servir para causar poesia nos olhares, amansar a carne da muita ansiedade que usa corpos humanos para se manifestar, deveria esta linda borboleta amarela ser o subterfúgio da concretude e a cura da loucura humana, deveria servir para colorir a cidade doente e devolver beleza ao planeta, mas, no momento, serve pra ser apanhada num esmagar de dedos inconsequentes, presos a um corpo que só anda em bando e abate qualquer coisa que insiste em ser fundamentalmente e em todos níveis melhor que ele.
Linda borboleta amarela, agora é um pedaço de coisa amassada no chão da cidade, 
como um papel de bala abandonado, 
como um vazio não superado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário