sábado, 20 de fevereiro de 2016

realidade submersa

Taí, ó
o céu em gozo
chovendo êxtase
chegou no pico do calor
do amor
e gozou
aguou as plantas
e as pedras
e apagou oceano adentro
todo fogo
sol e lua submersos
corredeira-rio
fez da cidade a mata escura
e do céu o fundo do mar em delírio,
escoando o que passou
o dia todo acorrentado.
Fertiliza pra dentro
germina profundo
goteja furando o teto
por entre as fendas
as paredes
e pinga até onde não deve,
sendo o que é,
água nos olhos e no peito
a profunda rachadura que veio pra fazer
e pinga até onde não quero
fazendo o que deve
sem dar satisfação
agindo na não ação
aí, ó,
fazendo da vida uma miração.

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