doeu
não vou mentir
doeu
não deu pra ser outro
pra se enquadrar
não deu pra não estar
ali
imperfeito
tentando segurar o escudo
mas abrindo mão da espada
os pés e os olhos fincados na terra
no pico da lua cheia eu,
como não poderia ser diferente,
transbordei
descarreguei as pústulas
liquefazendo de pus e saindo pelos poros
E você,
olhos brilhantes
aparência plutoniana
lindo como sempre
menos saudável do que eu gostaria
mas o eu, ali, já não tinha sentido
aqui, contudo, era o mais importante
Hoje sofri
apertei meu coração até sorver a última gota de você
mas ainda escorre
E a vida é assim
a gente vai avançando nos descompassos
desacertos
desalinhos
desencantos
dançando no verbo
versando no dorso
engarrafando a lágrima
pra poder jogar no mar
e ver se alguém pega e a transforma em riso
alguém dentro
alguém fora...
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