O vento assobiava na fresta da porta entreaberta para a maquete da cidade, nos canos ressoava como sanfona e, por vezes, gritava desesperado por excesso de tempo e falta de espaço, nos condomínios abaixo era despercebido, o máximo de afeto que conseguia era uma cabeça virada ou uma segurada na saia, contra, não a favor.
Voava e incomodava, era só fecharem a porta pra se livrarem dele e de sua divagação perdida, descaminhada, sem saber pr'onde voava, sem foco, rumo ou objetivo, a não ser o de existir. E de que vale só existir? É tão efêmero e plural que até um ventilador pode lhe reproduzir, pode lhe representar, inclusive substituir. Pra que então há de existir?
Mas eu vi o vento voar. Eu vi o vento se condensar e transpirar melancolia. Vento não é símbolo de nada e talvez ele nunca chegasse a entender, até o dia que entendeu.
Abaixou sua cabeça, se livrou da vaidade, guardou seus julgamentos num baú póstumo de libertação e compreendeu que aquilo tudo não era só momento, que havia um firmamento e, em si, transcendeu.
O vento virou tornado: o vento via, o vento mexia, o vento existia, tudo o que havia de diferença era por conta de sua presença, de sua presença em si.
O vento não mais assobiava, o vento agora cantava e, cantando, me transformou...
Que lindo...é o outro lado da sua alma :)
ResponderExcluirbjos
Oi querido,
ResponderExcluircom certeza venho prestigiar qualquer coisa que você criar, parabéns pelo novo blog. Legal ver que está empolgado e escrevendo ainda mais.
Então agora mesmo dei um update pois me enviaram que a imagem pode ser um aplicativo de iphone, justamente para fazer fantasmas.
Parabéns pelo escrito muito lindo!
ResponderExcluirVc representa o minimo de uma forma maravilhosa. Parabens pelas palavras...
ResponderExcluirVento é sinal de boas novas.
ResponderExcluirJá que seu blog começa assim...
Que ele possa ser então como o vento!
Belo texto.