Deu nele de fazer esse curso
sem mais nem menos, sem precisar de vestibular ou estudar em demasia. Suas
economias se deixaram ser tragadas pela vontade de possuir a melhor câmera
fotográfica que a competência humana podia fornecer, em dois anos estaria doutor
da imagem que queria ver. Todos sabem como o trabalho muda de caráter quando
passa a ser prazer!
A mãe sempre achara que ele tinha um
talento inexprimível para matemática, sempre achara que o menino pudesse vir a
ser professor, como o pai, afinal a família era de homens físicos, químicos,
álgebros: correta e estritamente exatos. Por que esse menino me inventa agora de
tirar fotografias, meu Deus?
Mas o fato era que o jovem não se abateu
com nenhum tipo de desânimo que, porventura, pudesse lhe assombrar por meio dessa
gente que não tem certeza se trabalhos como este eram rentáveis.
Mas a rentabilidade estava toda no
coração. Foram os dois anos mais silenciosos que ele teve na vida, abriu mão da
festa de formatura, das festas de família, das festas dos amigos, abriu mão até
de si mesmo. O prazer do trabalho, subseqüente ao prazer do estudo, veio com
sua câmera e a pura existência de seus amigos.
Era um por dia, em lugares diferentes,
presenteados com as mais belas imagens de si próprios que, numa eufórica
contemplação, radiavam ao outro com sua admiração e felicidade.
Era assim que ele, como quem libera beija
flor, ganhava a vida.
Teus textos são de uma delicadeza primorosa. Gostei. =)
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