Tem muita barata nos porões da minha casa
Muita sujeira onde não quero mexer
Lá é escuro
Medonho
Bichado
Faço fogueira de fora do lado
Tentando a todo custo manter a luz
e o calor
Mas as baratas
insistem em sair
Uma a uma voando
com uma vassoura velha vou
matando
Recusando
-me terminantemente a me aproximar
A fogueira
apaga
fósforo e álcool
barata
anda
morre
goteja um invisível assustante
o chão ainda está úmido
da chuva da tarde que caía en-quando eu sonhava
Tenho a sensação de que um espírito me espreita
esperando
alguma coisa
apenas me espreita
já tem meses que deixei
as drogas hoje me deu vontade
de um cigarro de palha
sanada
loja fechada
(graças...)
Fogueira apaga
fósforo e álcool
barata anda
morta
goteja um invisível
O cadáver de uma árvore enfeita o quintal
Contrasta com os ramos
verdes
era de uma planta colossal que ninguém plantou
O chão já está repleto de cadáveres
e nem quero pensar nas vivas
dentro do porão
Hoje eu não tomei banho
explode cabeça
solidão
duas baratas sobem a parede pra me fazer companhia
uma manca
a outra tem asas
perdendo o controle apanho
a vassoura, o pânico
arrasto a corrente das amarras
e
abato-as.
Fogueira apaga
Vencido pelo medo
recuo
Fecho a porta
Apago a luz
Tomo banho
cérebro quente
água fria
vou dormir
Tem muita barata nos porões da minha casa
Mas as da cabeça
essas são incontáveis
Gostei do poema, reflexivo!
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