O medo que sentia quase o impediu de continuar a seguir em frente. O corredor estava no breu total, com uma temperatura neutra que não dizia nada. Uma luz apareceu e tão rápido sumiu que nem deu pra ter o vislumbre do que o esperava no fim do corredor. As únicas coisas que podia perceber eram as paredes, não tão próximas que o pudessem sufocar, e o chão, por onde ele andava. Mas onde estava o teto? Onde estava a frente, onde estava atrás? Tinha receio até de dar muitas voltas em si para que não perdesse o caminho.
De vez em quando, ele batia a cabeça na parede, revelando seu incompetente senso de direção.
Aos poucos, quando cansava de caminhar e caminhar sem que chegasse a lugar nenhum, o seu andar se tornou febril, começou a ter espasmos de pensamentos rebeldes que, desesperados, assaltavam sua mente. Ofegante, então, começou a correr, a suar, a tropeçar, desembestar as pernas, até cair e derrapar em direção ao nada.
Então, uma luz surgiu lá no fundo, pequenina, revelando a amplitude do corredor, vinha verde, mas sua luz era tão única que não iluminava mais do que o corpo que a carregava.
Ele não sabia o motivo, mas nem chegou a levantar do chão, esperou que a luzinha pousasse em seu nariz... era um vagalume!
Ah... como era bom reconhecer algo para além da escuridão!
Uma vozinha, vinda talvez do próprio vagalume, num misto de indignação e delicadeza, sussurrou-lhe, para a sua surpresa:
- Por que?
De repente, assim que ele caiu em si, o chão desapareceu.
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