sábado, 15 de fevereiro de 2014

Realidade

Vi os discos voadores pousarem soturnos, confiantes, na abóbada terrestre. As luzes enlouquecidas dançavam como que possuídas, circundando a maestria da extensão feita de qualquer material férreo. São circulares porque todo o Universo é cíclico. A minha porta interna lançou sua ponta até o chão e fincou na terra sua estadia. Não saíram seres de lá, nenhum com a cabeça alongada, nem olhos puxados ou vazados, nem eram verdes, nem desprovidos de cor. Foi meu coração que embarcou, pulsando por uma aventura desconhecida.
Todo inseto, pois, é um alienígena, todo bater de asas é uma hélice supernatural.
A lua era é um dos destinos.
Tenho a cabeça cheia de planetas.
Não havia mesa de controle com bastões super complicados - eram as minhas programações que iam sendo resetadas, ligações retransformadas, musicalmente afetadas. Meus olhos eram os visores e não encontrei nenhum
nenhum
canhão de explosão embutido.
Não era mágico nem surreal, era concreto.
Embarquei como quem viaja a outro país. Não levei mala, mas toda a minha bagagem foi junto, o que pesava demais ficou e eu
eu fui
Estou lá até agora
e no entanto estou aqui
Juntos quebramos as barreiras do som, da luz e do preconceito. Aceitei os irmãos estelares como quem recebe um gêmeo separado na maternidade.
Eu era ele e ele era eu, e nós éramos também os planetas, as estrelas e os asteroides. Éramos os sóis, as galáxias e os buracos negros, éramos Deus, éramos Um. Éramos quem escreve e quem lê. Tínhamos a mesma essência, o mesmo sopro de vida, a mesma miração de transe, éramos lá e éramos cá.
Quando voltei
sem voltar
continuamos sendo.
Hoje eu sou o que fui e o que serei, hoje eu sou o agora e eu sou o somos. Com o Cosmos na existência eu desci da nave e ela partiu
sendo eu
eu sendo ela
pus o pé na terra
só o pé
Sendo Deus e o Demônio
sendo Tudo
não sou nada
e somos todos
E o que importa?
O que importa é o que importa e o que não importa nada pode transformar.


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